E nenhum ritual, feitiço ou moçonarice é baseado na ausência de movimento, na contração das vontades ou na inércia da fé.
uma maratona de bailes em honra de todas as ancas e mambos
Vejo-me confuso na hora de julgar certos soldados: os da frente.
Pois ninguém que não eles, num misto de sádica nobreza e de uma tontice de chacota, personifica tão bem o verso “carne para canhão”. ‘Verso’, pela poesia que denota o sacrifício pessoal de dares o corpo às balas, às flechas ou aos tweets, mediante a época em que você, soldad@, chacina.
E em redor desta atitude, tão nobre em Guerra como na pista de dança, o Maus Hábitos entra no mês tradicionalmente conhecido como o do Carnaval para uma maratona de bailes em honra de todas as ancas e mambos, aqui com especial homenagem aos pelotões que nunca deixam de mexer.
É o mês da dança e da retoma dos maus comportamentos.
Dizer que o Fevereiro do Maus ‘tá orfão de concertos não é apenas redutor como um pecado a negrito, (in)digno até dos maiores traidores, com o regresso de ENES (21 Fev) à cidade que que despiu “Charlie” – disco de estreia da banda – e com o concerto dos ‘almighty’ Octa Push a fazerem uma ementa ‘gourmet’, quais postas de camarão ao alho dignas das melhores cortes mas acessível à plebe esfomeada.
Uma dupla atacante que não deve ser desconsiderada por ser a única do plantel, na ressaca dos concertos que engoliram o 4º andar mais fixe do Porto na festa de anos mais fixe de Portugal.
É altura de dançar.
Depois de 27 nomes fazerem a noite (bem) merecida do Salgado, 28 dias jamais serão o fim do mundo que muitos podem especular, ‘inda menos com estas duas propostas nacionais que irão tomar o palco de assalto.
É altura de dançar.
E nenhum ritual, feitiço ou moçonarice é baseado na ausência de movimento, na contração das vontades ou na inércia da fé.
Catolicismos de parte, onde tudo é revestido a negro e de uma estaticidade obscurantista, o Diabo veste New Balance e cobra somente a folia que os soldados lhe juram oferecer, quais “esganados da noite” que inauguram os caminhos do Inferno com LIT x JARD.
Os dois colectivos, cujo tag-team costuma funcionar p’ra cacete, trazem BIA PÓVOA e o “rolê” funk com que costuma incendiar Niterói (RJ) e cuja labareda é p’ra manter na cidade Invicta. A balançar a folia brasileira, VESPI traz-nos o Dancehall que nasceu na Jamaica mas não mais tem nacionalidade.
No dia 2 do dito cujo, aos mais valentes.
Aos mais ousados, de valentia semelhante, o segundo ‘fds’ do mês cobra – e o corpo paga – uma das mais chorudas facturas de Fevereiro. Três dias de baile em honra da causa profana desde Quinta até à manhã de Domingo.
E que manhã vamos ter.
Com as costumeiras festanças Downtempo e da CAPRI a aquecer o fim de semana, Sábado é a noite onde o tasco promete ir abaixo.
Abaixo da bunda.
Abaixo da mesa.
Abaixo do Equador.
Directamente do Brasil, os Venga Venga! mudaram-se para Lisboa e prometem tomar a Europa de assalto.
Tod@s pensamos o dia em que o Porto deixe a patente do “Fino” e que Lisboa cague na “Imperial” e safemos o mesmo termo de rápida compreensão ao balcão.
Ou não, ‘sa foda.
A cerveja não fica mais cara.
Não sabe pior.
E por cá, em reverso com Espanha, a gente sempre se deu lindamente e safa maneira de ficar tudo bem.
Ou não, ‘sa foda.
Os Ohxalá são velhos tenentes neste combate à inércia.
A verdade é que ter Ohxalá e Venga Venga! na mesma noite é como pedir um fino no bar e uma imperial no auditório, não como clones que sabem ao mesmo mas como complementos que nasceram p’ra que fosse desta forma.
Os Ohxalá são velhos tenentes neste combate à inércia e não lhes faltam soldados (nem pinturas de guerra) que lhes marchem em frente e que socumbam em todos os pontos lusófonos nos Trópicos. Toda a cena, composta por Luís e Maria, tem crescido a pegada da “lusofonia gostosa” que começaram na Alemanha, mas que têm na Invicta a base-mãe e em Lisboa uma dupla que chegou p’ra fazer a equivalência ‘fino-imperial’.
Na noite de 9 de Fevereiro, os Venga Venga! juntam-se p’ra mostrar ao Porto a forma como vêm o mundo, num projecto que junta os brasileiros (mas nómadas) Denny Azevedo e Ricardo Don num movimento coletivo que não apenas junta o folclórico ao experimental, mas tod@s os que ficam contagiados p’los seus sets, ‘happenings’, performances e tudo o que lhes der na telha. Uma boa vantagem que Portugal conseguiu através desta fuga do Brasil de Bolsonaro, da qual temos a obrigação de nos mostrar fiéis soldados da pista e fazer com que a dupla peça a dupla nacionalidade.
(Isto ‘inda existe?)
Mas calma, coração.
A estes menin@s tão badalados juntam-se Kurup e Jaçira, mais um casal que nos remete ás origens da América do Sul e que faz desta noite de ‘tag-teams’ aquela a que não faltaremos à guerra.
E nunca deixes de dançar.
Nem a descer as escadas.
Danças comigo?
A 15 de Fevereiro, mais um Porto Tropicante com La Flama Blanca
Ou danças aqui ou no Porto Tropicante (15 Fev), mantendo a bunda abaixo do Equador, ou com as belas Shuggah Lickurs a vaguear entre o pop e o hip hop.
A esquerda e a direita.
Vai ao centro, mesmo na virtude.
E nunca deixes de dançar.
Nem a descer as escadas.