Ela foi
E, ela foi.
Tal como, toda a gente, adivinhava.
Os telemóveis vibraram, ansiosos.
Quando ela foi.
Foi,
julgada.
Para onde ninguém esperava
Que fosse.
O bairro
finge que lhe dói,
No cochicho geral.
Ela foi…
Diva do céu, noturno,
Todas fases da lua,
Em, aparente, mutação.
Vestida de gala…
Se, o pudor de ser,
Fosse tendência,
De moda em Milão.
Sem dor,
Sem se entregar,
Por medo, ou atrapalhação,
Por falta de noção…
Noites de núpcias
À consignação
sem credor.
Com, ou sem, visão.
Justifificando-se, ou não.
Ela foi…
Ela foi,
Debatendo-se pouco.
Deixando, somente,
a certeza
Que o lar
A prende.
E, que ela,
não aprende.
Que, a calma,
Pode ser sádica.
E, o esganar, uma tentação.
Ela foi.
Vitima do porvir,
Que planeou no passado
Antecipadamente.
Falhando Redondamente .
Vivendo, Racionalmente
Sendo.
Almejando, uma vida,
Como ela planeia.
Viver contida.
Porventura…
Anuindo
que, lhe dói
Incomensuravelmente.
Que o chão
A pisa a ela.
Compreensivelmente.
Morta, por vontade própria,
Olha, o recreio
além da cela.
Em que, ela mesma, se retém.
Pesada
E tristemente.
Como, quem segue a corrente.
Ela foi.
Desagradada,
e desagradavelmente.
Como um carinho, carente.
Andando
de trás p’rá frente.
Analitico-matematicamente.
Singela, sempre doce.
E, talvez, inocente.
Prático – impávido – previsivelmente.
Ficou assente…
O que,
O destino lhe impõe.
Seca, na nascente.
Non-grata-crente.
Nas flores que, ela, supõe,
Não terem espinhos nenhuns.
Feliz, ou infelizmente…
Inquestionavelmente…
Como, no fundo,
Toda a gente,
Que, por livre vontade,
É actor, sempre…
Ela foi.
